sábado, 8 de dezembro de 2012

Carta de despedida



Queridos alunos, 

Desde o momento em que os conheci, sabia que algo de muito especial surgiria entre vocês e mim. Não era só pressentimento. Primeiro, veio o desafio em suceder um profissional tão gabaritado como o do ano anterior (2010, professor Bruno). Lembro-me bem do meu primeiro dia de aula, em que um aluno veio até mim e questionou que matéria lecionaria. Ao ouvir a resposta, senti um pouco da sua decepção ao saber que o antigo professor não mais daria aula para a turma... Talvez ele nem se lembre, mas isso me marcou, porque a partir daquele momento, fiquei ávida por conquistá-los.
Não tive muita sorte no início, pois, ainda nas primeiras semanas, naquela confusão de falta de carteira, em que fazíamos o rodízio das turmas que seriam dispensadas, os professores ficavam sabendo antes qual seria a turma liberada no dia seguinte, e eu, com toda a minha ingenuidade, avisei-os de que não precisaria vir, e isso rendeu duras críticas a vocês, que não apareceram, e para mim também. Como fiquei envergonhada da minha gafe! (Risos)... Mas foi justamente ali, quando expliquei a minha lógica em tê-los alertado, que percebi o quanto vocês eram compreensivos e, mesmo tendo recebido as críticas, apoiaram-me. Pronto, ao invés de conquistá-los, vocês me haviam conquistado!
Bom, eis que após um ano e dez meses dessa convivência, com muitas avaliações confusas (e letras mais confusas ainda para serem corrigidas, diga-se), muitas aulas maçantes (e massacrantes), muitas broncas pelas bolinhas de papel jogadas, pela sala suja, pelo aluno que importunava a aula ou mesmo o outro aluno, muitas dificuldades... Por outro lado, essas dificuldades eram para que fossem superadas, impostas de propósito, as avaliações bem-boladas (que vocês tiravam de letra) serviam de desafio, todas as broncas para promover a reflexão sobre o papel que vocês desempenham no meio e em sociedade... Após muitas brincadeiras, como o soletrando, o saco do conhecimento; muitas alegrias, risadas (e choro também – rs); inúmeras regras gramaticais que, não fosse o contexto, seriam impossíveis de serem aprendidas; após meus papos entediantes e sobre a minha vida na idade de vocês (bons tempos, e eu aproveitei muito), muitos elogios, muitas reclamações, sermões e mais sermões... depois do projeto de literatura, de cada livro lido, de cada trabalho feito, de cada etapa finda, de culminância de projetos, dos divertimentos das gincanas, das zoações de vocês com o meu time (assim como o contrário), após uma rotina dura, tardes ensolaradas, chuvosas, cheias de preguiça e de um convite a estar em outro lugar... Eis que após esse período, vocês vão para um outro lugar, um outro ambiente, talvez não mais à tarde, certamente não com as mesmas companhias (ou umas poucas repetidas), outros professores, velhas e novas normas escolares... Sabe lá? Há um futuro brilhante para cada um de vocês, basta buscá-lo, pois não há ganho sem dor, tampouco glória sem sacrifício. Vocês já venceram essa etapa e vencerão outras! Sempre guardem a fala de Leonardo Boff, “ninguém vale pelo que sabe, mas sim pelo que faz com o que sabe”. Então, usem esse conhecimento de vocês!

Quanto a mim? Haverá novos alunos, como tantas outras vezes o ciclo se reiniciou! Mas minhas tardes não serão mais as mesmas, pois para sempre ficará essa saudade dos nossos momentos: do aluno decepcionado acima citado, Erisandro, que creio ter conquistado a confiança, um garoto super organizado e participativo em tudo; da risada de Katiele (risadinha), que mesmo parecendo estar longe (ao menos no papo), estava tão concentrada na aula (as notas e os prêmios recebidos refletem isso) e da sua fiel amiga de segredinhos (e risadas) Ana Maria, sempre tão doce; de Carina, que se juntou ao “trio ternura” um pouco mais tarde, que, aos professores, mostrava-se prestativa e ambiciosa (não se contentar com um 9, afinal, é ambição), fico muito feliz de ter contribuído, com a minha vocação, em despertar o desejo para a árdua profissão de professora em duas dessas três alunas, é muito gratificante; da ovelha desgarrada do grupo, Shirley, outro fenômeno em redigir, vencedora na primeira fase no concurso de redação da Unimed 2012; daí vem outra panelinha completada por Daniele Antônio e Franciele, com seus carismas contagiantes; mas voltando a falar em premiação, não posso esquecer de citar Laiane, cuja bela crônica rememorando outros tempos do bairro da escola foi digna de um segundo lugar municipal; da sua amiga inseparável, Lavínia (ou Lavinha, como muitos insistiam em chamá-la), sempre tão quieta; e por falar em quietude, logo lembro de Jadson, que muitas vezes se negava a participar das aulas, tamanha a sua timidez; das discussões entre os hermanos da sala, Miquéias (sempre tão questionador, e isso é um elogio, ok?) e Michele (que com seu romantismo agradava e criticidade desagradava a muitos, mas que precisa saber que a crítica é sempre boa, quando bem argumentada); de Vanessa e seu caderno completo e caprichado, que eu sempre confundia com Valéria (por sentarem tão próximas, pelo nome iniciar com a mesma sílaba...), mas que agora eu sei que essa última é que é a dançarina (ou não? Espero não ter feito nova confusão... Perdoem-me, são as noites mal dormidas, corrigindo provas e preenchendo diários. kkkk); e por falar em dançarina, é o que bem tem nessa sala, do requebrado sensual de Naraiane; das remexidas de Jéssica; dos passos bem marcados de Thalia (a miss beleza da sala); do seu namoradinho, o conquistador Moabe (sim, toda turma que se preze tem um romance); do molejo por vezes desengonçado e caminhar malemolente de Nayara; e quando falo desta, lembro de uma outra figura que não se bicava, minha “filha” Pâmella, tamanha nossa semelhança (dizem), para mim foi um misto de surpresa e felicidade quando soube que minhas aluninhas fizeram as pazes; do jeito abusado de Jobson e sua insistente “sede” ou “vontade de ir ao banheiro”; da alegria de Caline, que no início estranhou tanto os novos colegas, mas não demorou muito a se enturmar; do jeito paulista, às vezes distraído, de ser de Soraia; das intromissões engraçadas de Sulamita; do expert em futebol (e assuntos futebolísticos) tchow-tchow, digo, Walas; da simpatia do finalista do Soletrando Ramon; das perturbações de David, que foi eleito o pentelho em 2011; da maturidade de Gabriel; do capricho e cuidado de Daniele Neres; e por falar em capricho, a novata da turma, última a agregar valores, Arielly, que, apesar de nos castigar com suas ausências, brindou-nos com a coletânea mais caprichada do 9º ano; do gênio em informática e galã da sala, Daniel; e por falar em galã, eis outra coisa que bem tinha na sala, há ainda o aluno Hygor e seu jeito conquistador; Fabiano, que com sua forma um pouco relaxada de lidar com os estudos, flechava corações, até mesmo com seu aparelho ortodôntico; há ainda o bad boy sedução do Breno, que não perdia tempo em sentar logo no meio da mulherada.
Acabou? Não, e eu sei que não, mas é que como deixei por último, não é para ficarem chateadas, Lesly e Graciele, é que vejo uma similitude em vocês, ambas lindas, fashion, bacanas, doces, e, o fato de serem as últimas a serem citadas não significa, em absoluto, que são menos queridas. Aliás, todos vocês, cada um de um jeito especial, mas os amo, TODOS! Como não amá-los? Não só por todo o exposto, mas por tudo o mais que não foi citado também! Esse meu apego às pessoas, por vezes é inoportuno, porque muitas estão só de passagem nas nossas vidas. Então, eu deixo aqui registrado o meu “muito obrigada”, por me deixar instruir e por me ensinar tantas coisas, que nem sei nomear. Nesse momento, lembro-me de uma citação providencial de Exupéry no seu Best-seller “O pequeno príncipe”, que dizia o seguinte “tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Pois bem, vocês me conquistaram, agora aguentem as consequências! (Risos) Exijo manter contato.
Com relação à pergunta retórica que fiz no parágrafo anterior, só mais um adendo: Impossível não amá-los!
Não tenho certeza de que minha busca em conquistá-los, descrita logo no primeiro parágrafo deste texto, foi cumprida por completo, mas quero que fiquem cientes de que, ao irem, deixarão um pouco de vocês comigo. Para sempre em meu coração!
Espero que essa despedida seja momentânea. Não vamos então falar em Adeus e sim...
Até breve, turminha!

Com amor e sinceridade,

Helga